sexta-feira, 5 de outubro de 2012

NOSSA HISTÓRIA


Estudando um pouco sobre a origem de nossa cidade, vi um texto que me chamou a atenção. Como sabemos a nossa origem tem uma estreita relação com os índios. Foram eles que foram usados pelos colonizadores com a determinação de fazer um caminho de ligação entre o Sul e o Mato Grosso. Para tanto eles iam povoando com suas tribos, os trechos que percorriam. A nossa região teve então nos índios Caiuá, seus primeiros habitantes. Isto ocorreu por volta de 1850.
Pois bem, esta presença dos índios sempre foi marcante. Observemos alguns aspectos de importância para nosso entendimento:
Os índios brasileiros são considerados de origem asiática e chegaram aqui a 62000 anos atrás, tendo atravessado a pé o estreito de Bering. Em São Raimundo Nonato, Piauí, existem vestígios da presença humana datados de 48000 anos atrás. Estes dados foram obtidos por pesquisas arqueológicas. Os grupos indígenas, tem costumes, crenças religiosas e organização social diferentes, mas algumas características são comuns a todos. Adotam o regime de subsistência baseado na exploração dos recursos naturais e consideram que a harmonia do universo depende da troca equilibrada entre homens, seres da natureza e seres naturais, o que explica a preocupação em não alterar o meio ambiente. Não há noção de propriedade privada da terra mas sim da roça privada, ou seja, quem cultiva a terra é dono da produção, não da terra.
Os índios acham que o mundo é finito e que o círculo é a figura perfeita. Suas aldeias são sempre circulares, refletindo essa visão do universo. Para eles, a simetria é um sinônimo de beleza. Suas pinturas corporais, cerâmicos e cestarias raramente apresentam desenhos assimétricos. Os índios não desenvolvem a não de individuo e consideram que a unidade é o dois. O número um é sempre parte de alguma coisa, idéias também presente no conceito de yin e yang elaborado a milhares de anos pelos chineses.
Durante a sua ocupação  da terra o índio explorou e viveu através  dela sem produzir um deserto sequer.
No ano de 1854 o presidente Norte Americano fez uma proposta aos índios Seatle para lhes comprar as terras e seriam recolocados em outra reserva. Vou transcrever um trecho da carta resposta do chefe Seatle ao Presidente Franklin Pearce:
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha.
Se não é nosso o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. Cada ramo de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nas. As flores perfumadas são nossas irmãs, o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos das campinas, o calor do corpo do potro e o homem, todos perecem a mesma família.
Portanto, quando o grande chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossas terras, pede muito de nós.
A terra é sagrada para nós. A água brilhante que escorre dos riachos, não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem se lembrar de que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos, fala da vida e dos acontecimentos do meu povo.
O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam a nossa sede, carregam as nossas canoas e alimentam as nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês, vocês devem se lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende os nossos costumes. Uma porção de terra para ele tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga,, e quando ele a conquista prossegue o seu caminho. Deixa para traz o túmulo de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seus pais e os direitos de seus filhos, são esquecidos. Trata a sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidos como carneiros ou enfeites coloridos.  Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto
Nossos costumes são diferentes dos seus.  A visão das suas cidades fere os nossos olhos, talvez porque sejamos selvagens e não compreendamos.
Não há um lugar muito quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asa de um inseto. Mas porque eu seja um selvagem e não compreenda.
O ruído parece somente insultar o ouvido. O que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave, ou o debate dos sapos em uma lagoa a noite?
O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros. O ar é precioso para nós, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem.
Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao cheiro.
Se decidirmos vender as nossa terras imporei uma condição: O homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi milhares de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco  que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como  é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos apenas para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo. Tudo o que acontecera à terra acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos. A terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. O homem não tramou o tecido da vida, ele é simplesmente um dos seus fios. Tudo que fizer ao tecido o fará a si mesmo.
É possível que sejamos irmãos apesar de tudo. O homem branco poderá vir a descobrir um dia que o nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir a terra, mas não é possível. Ele é o Deus do homem e a sua compaixão é igual para o homem vermelho e o homem branco.
Os brancos também passarão, talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando da sua desaparição vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial, lhes deu o domínio sobre ela e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens e a visão dos morros obstruídas por fios que falam.
Onde esta o arvoredo? Desapareceu. Onde esta a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

Um comentário:

  1. Sempre tive curiosidade de saber sobre nossa origem. Gostei de ver como os indios pensam sobre a posse da terra. Vejo que tem muito homem que se diz inteligente, precisando ler mais sobre a filosofia dos indios.

    ResponderExcluir