segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CAUSUS DO MINERIM




Hê, hê, hê, he, eita nóis sô, acuma eu premeti a oceis vo conta aquele causu qui falei pro ceis. Lá na minha currutela acunteceu um causu por dimais di interessante, foi cum falicimento dum véi qui morava pras beira du sumitéro. Esse véi passo mal e deu um troço nele qui ele caiu. Tudu mundu oiava o véi e falava quele tinha batido as botas. Issu era na boca da noite, cumu eis era bem fraquim derum jeito di fase u velório na casinha dele memo. Arrastaru us caquim de movis dele e botaro ele numa mesa na sala. Difunto lá istendido na mesa e a cunversa correno sorta no quintar. Num farto ai a pinguinha pros cumpanheiro guenta a noite quele lá. Quando tava manhecendo u dia arresorvero arruma um caxão pro pobre du véi, foi ai qui tiveru a indéia di leva ele nu hospita pras modi du medicu oia se ele tava morto memo. Assim fizeru e levaru ele pru hospita logo qui amanheceu. U coitado du medicu tinha trabaiado a noite toda e tava quase saino para i simbora, ai aparece uma armada dessa prele. Cumeço intão oia u difunto e a prigunta cumu foi qui tinha acuntecido e coisa etal. Mas perto deis tinha uma veia nus prantu falando qui Deus num pudia se tão injusto quela, que num pudia leva ele não. U medicu incomodo cum tudo aquele baruio, intão pidiu pra infermera se ela era parenta do difunto. A infermera num sabia, foi prigunta prela se ela era parente. A muié respondeu qui num era não. A infermera pediu qui ela intão ficasse quieta pruque tava trapaiano u medicu. A muié disse intão pra infermera qui o véi divia um dinhero prela e ele num podia morre sem paga.
Passado tudo u trupe conseguiru o caxão e só ai foru avisa a parentada. Cumu ia demora preis chega, u sufoco foi maió. Cumu eu dissi eis era muito fraquim e num tava nu período de inleição, pruque si tivesse era mais faci, fico difici pra arruma di cume pra tudo esse povo. Um neto teve uma indeia, nu dia anterio ele tinha pago uma conta, ai era só pidi u dinhero di volta e a pinga tava garantida. Pois assim ele fez e o cidadão veno a situaão devolveu u dinhero prele.
Nesse vai e vem o dia se foi e não conseguiru interra u difunto. Veio a noite e o povo tudu cansadu caquilo e vem um e vem outro e a pinguinha rolano sorta. Inté quem nunca tinha visto o véi tava la dando uns gorpe na cahaça e chorando pelo véi. Quandu ia manheceno u outro dia o motorista oficial du velório foi faze um carreto dum povo qui morava longe e chego na cidade vizinha. U coitadu nem tinha drumido direito aquelas duas noites, foi u suficiente prele da um cuchilo bem quandu tava chegando cós passagero. Bateu seu corceu, ultimo tipo qui ainda rodava, bem numa arve. Foi um istrago minino qui nem te conto. U corceu abraço a arve e ele abraço o volante e o parabrisa. A boca du coitadu já num tinha muitos dentes, fico quais sem ninhum, a testa corto u juei tava inchadu. Inda bem qui us passageru ficaru bem. Cum issu la vai ele pro hospita. Quem era u medicu? É o memo qui tinha visto u véi.. Arrumaru ele por lá ai u medicu disse qui ele tinha qui ser internado. Esse rapais deu u maio trabaio pruque quiria i nu interro do vèi. Dispois de muita briga ele foi mas devia vorta para caba de se trata.
Cum muito custo o coitado du véi foi sipurtadu dispois de 40 horas di morto. Já vi muito velório trapaiadu, mas inguar a esse, nunca, hê, hê, hê, hê.

Um comentário:

  1. O ultimo causu ja ouvi contarem esta história, mas esta ainda não. Ele vai estar sempre contando estes causus de fatos acontecidos na cidade? Me diverti bastante com elas, muito boas.

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